Capacitação do Eu Tenho Voz na Rede é apresentada a docentes de Guarulhos

Aconteceu nessa quinta-feira (10) a segunda Roda de Conversa do Projeto Eu Tenho Voz na Rede, com a presença de cerca de 130 professores inscritos pela Secretaria de Educação de Guarulhos para apresentação do “Curso de Capacitação Básica para Prevenção e Combate ao Abuso Sexual de Crianças e Adolescentes” promovido pelo IPAM na modalidade EAD.

O encontro foi realizado on-line com a mediação da chefe de Seção Técnica da Divisão de Diversidade e Inclusão Educacional da Secretaria de Educação de Guarulhos, Claudia Simone Ferreira Lucena, e com a participação da 2ª vice-presidente do IPAM e idealizadora e coordenadora do projeto, juíza Hertha Helena Rollemberg de Oliveira.

Segundo Claudia Lucena, a rede intersetorial Guarulhos: Cidade que Protege, que tem coordenação da Secretaria de Educação do município, “pretende subsidiar os educadores sobre os aspectos mais prementes no que diz respeito à violência intrafamiliar, com enfoque sobre a prática  escolar, buscando sensibilizá-los quanto à importância do papel da escola no enfrentamento e prevenção às violências, assim como desenvolver o Projeto Eu Tenho Voz na Rede”.

“Em virtude da volta às aulas presenciais prorrogamos o prazo do módulo 1: Diálogos iniciais sobre violências contra crianças e adolescentes” para até 2 de junho último e o módulo 2, que dá acesso ao estudo e realização de atividades propostas na plataforma do IPAM, resolvemos estender até o segundo semestre, pois muitos educadores estavam com problemas de acompanhar as aulas. Mas para os que acompanharam até aqui, é muito importante o envolvimento total com um tema de tão grande relevância que é o da violência contra a criança e o adolescente e, principalmente, o abuso sexual”, disse a educadora.

Também fazem parte do Cidade que Protege, as educadoras Giselle Cristina Andrade Salazar, coordenadora de Programas Educacionais; Lucilia Ribeiro de Souza, Marli Penteado e Maria Iraldina Pires, psicólogas escolares e o projeto envolve as áreas de saúde, assistência social, Conselho Tutelar e Secretaria de Direitos Humanos “que tem procurado construir práticas democráticas, participativas e dialógicas com os segmentos, setores e atores que integram o Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente de Guarulhos”.

Em sua participação a juíza Hertha Helena de Oliveira destacou que “o ambiente escolar ainda é reduto de proteção das crianças, um local onde sabemos que elas são acolhidas em segurança e os professores são fundamentais no processo de ouvi-las”. Por essa razão, em função da pandemia, o IPAM decidiu criar o Eu Tenho Voz na Rede e um curso em EAD para capacitar os professores “fazendo com que eles saibam lidar com um tema tão difícil como o abuso sexual” afirmou a coordenadora do Projeto.

A juíza orientou os professores presentes sobre quais decisões tomarem quando um aluno relata um caso de abuso sexual.  “O primeiro passo é ao detectar algum indício de violência fazer uma aproximação com a criança, conversar com ela, ouvi-la sem julgá-la, encaminhar a denúncia para os órgãos responsáveis, mas principalmente mostrar a essa criança que ela não está sozinha, que tem toda uma rede de proteção para ajudá-la e apoiá-la”.

A magistrada também chamou a atenção dos docentes sobre uma visão “arcaica e patriarcal” de que a família é dona da criança e que por isso a criança tem de se sujeitar a tudo. “Estamos no século 21, a proteção e a formação integral é um dever da família, mas também da coletividade e do estado. Essa ideia de que ninguém deve interferir no que acontece dentro de casa precisa ser superada, tanto em relação ao castigo físico quanto ao abuso sexual. Mas, infelizmente, a lei vai ser respeitada e cumprida quando a sociedade chegar a um grau de maturidade para denunciar todos os casos de abuso”.

Patrícia das Graças Honore Torres, da Cia NarrAr, uma das responsáveis pela criação das pílulas narrativas apresentadas on-line durante o encontro para os professores, e que relatam de forma artística e lúdica histórias de crianças e adolescentes que sofreram abuso sexual, complementou: “Criamos os vídeos durante a pandemia para ampliarmos o projeto Eu Tenho Voz na Rede. Nós escutamos muitos relatos, muitas vozes que estavam sufocadas e aprisionadas em sua violência. Traçamos uma linha de dramaturgia para sensibilizar os que assistem às narrativas do drama que é a violência sexual e o quanto ela deve ser denunciada”, disse.

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