IPAM Talks aborda violência sexual contra crianças e adolescentes

O novo episódio do IPAM Talks, o podcast do Instituto Paulista de Magistrados, entrou no ar nesta sexta-feira (11) no site e no canal do IPAM no YouTube. O programa entrevistou a 1ª vice-presidente do Instituto e idealizadora do Projeto Eu Tenho Voz, juíza substituta em 2º grau da 2ª Câmara de Direito Privado dos TJSP, Hertha Helena Rollemberg Padilha de Oliveira, sobre as estatísticas de abuso sexual contra crianças e adolescentes no Brasil e o crescimento de uma nova forma de violência: o estupro virtual.

Durante o programa a dirigente do IPAM contou como surgiu o Projeto Eu Tenho Voz, em 2016, e abordou questões como a síndrome da adição e do segredo (a primeira quando o abusador sexual ameaça a criança para não contar o que está acontecendo e a segunda quando a criança não conta a ninguém porque teme que ninguém acredite). A juíza Hertha Helena de Oliveira falou também sobre a ação do IPAM com o Projeto Eu Tenho Voz, levando informações nas escolas públicas às crianças e adolescentes e qualificando os professores para ajudar as crianças que sofrem de violência sexual, e orientou os pais a não deixar seus filhos entrar em grupos nas redes sociais sem supervisão.

“O abuso sexual contra crianças e adolescentes não é um problema só nosso. As estatísticas mundiais são terríveis. Podemos dizer que no mundo a cada 5 crianças, meninas, uma vai sofrer violência sexual e a cada 7 meninos, um vai sofrer violência sexual. No Brasil não é diferente do resto do mundo, pelo contrário, os nossos dados são terríveis também e segundo dados do Fórum de Segurança de 2024, que foram levantados em 2023, a cada hora 7 crianças ou adolescentes menores do que 14 anos são vítimas de violência sexual no Brasil”, afirmou a magistrada.

Segundo ela, uma nova forma de violência sexual vem crescendo no país: “Tem uma questão importante que precisa ser abordada. A questão da nova modalidade de violência sexual contra crianças e adolescentes que acontece pela internet, que é o estupro virtual. Infelizmente está crescendo, não só o estupro virtual, mas várias outras formas de violência que têm aparecido nas mídias e que estão se tornando um problema muito sério”.

A entrevistada do IPAM Talks, disse no podcast que isso ocorre basicamente porque as crianças têm acesso à rede social sem qualquer supervisão paterna: “Normalmente isso acontece no período da noite, na madrugada. Então as crianças aproveitam quando os pais estão dormindo para entrar em seus computadores e celulares, para participar desses grupos. São grupos que a princípio recebem as crianças e os adolescentes para que se sintam participantes da ‘panela’, como chamam, para que tenham a sensação de pertencimento e se sintam bem recebidos. E a partir daí começam a fazer uma série de exigências. Primeiro propõem desafios de coisas menores, de contravenção, depois vão aumentando a escala com coisas terríveis, como mutilar animais, se automutilar, e chegam até o ponto do estupro virtual, que é obrigar a criança ou o adolescente a fazer práticas de ato sexual na frente da câmera. Hoje sabemos que essas redes envolvem até 100 mil pessoas acompanhando, é uma rede muito intrincada que envolve os consumidores de pornografia infantil, os pedófilos, os perversos, ou seja, é um mundo totalmente à parte, Enquanto isso, os pais estão dormindo tranquilamente em seu quarto, achando que a criança e o adolescente está a salvo”, conclui a juíza.

Assista ao episódio completo clicando abaixo:

 

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