IPAM finaliza formação de facilitadores em Justiça Restaurativa

Na última quarta-feira (dia 3) foi realizado o sexto e último encontro da 2ª etapa da “Formação Prática de Facilitadores de Círculos de Construção de Paz”, a supervisão, que tem parceria com o Instituto Paulista de Magistrados (IPAM) no âmbito do Projeto de Implantação e Expansão da Justiça Restaurativa na comunidade de Heliópolis, em São Paulo. Os outros encontros ocorreram dias 23/02, 23/03, 04/05, 25/05 e 22/06.

A escrevente técnica do curso, Renata Zarantonelli Barbosa, acredita que a formação abriu para os participantes das atividades a possibilidade de fazer muitas reflexões importantes. “Várias iniciativas foram concretizadas, ou pelo menos idealizadas, durante esse percurso de supervisão. Mas ainda há muito para ser feito. Por essa razão, o grupo decidiu não cessar seus encontros. Foi sugerido constituirmos o Fórum de Justiça Restaurativa de Heliópolis e Região, e com isso daremos continuidade enquanto continuar a fazer sentido para os participantes.  Saímos todos muito encorajados, motivados e esperançosos. E eu, particularmente, sou muito grata por ter feito parte desse movimento”.

A aluna Alessandra Ortega Cruz Tortorelli, pedagoga na rede estadual de educação desde 2008, e que ocupa o cargo de diretora escolar na EE Jacques Maritain, da DER Centro Sul-SP, conheceu a Justiça Restaurativa em 2020 por meio do curso introdutório realizado pelo IPAM, e ela diz que desde então sua vida registou profundas mudanças.

“Passei a ter novos aprendizados e uma nova visão sobre o que é justiça, e como ela pode ser construída. O curso me trouxe um aprendizado, uma visão totalmente diferente sobre o que é justiça. O Círculo de Construção de Paz me ensinou a ouvir com mais atenção, falar em primeira pessoa e descobrir que todo comportamento é baseado em uma necessidade de pertencimento. Por isso devemos olhar para os conflitos como uma forma de transformação, ou seja, entender o que aconteceu sem julgar. Importante, também, entender quem somos, enxergar o nosso melhor e compreender o que cada um tem para oferecer e quais são os seus valores”, ela relata. Segundo Alessandra, “a prática do Círculo é excepcional, explora questões, sentimentos, valores e traz a conexão com necessidades que muitas vezes não se está preparado para compartilhar; porém, estar no círculo faz com que a visão tenha uma fluidez de construção e pertencimento consigo mesmo e com o círculo”.

A diretora escolar diz que, durante o período em que estava no curso, enfrentou vários conflitos na escola, mas um deles foi definitivo para a aplicação do que estava aprendendo. “Dois professores, um homem e uma mulher, iniciaram uma discussão na sala dos professores antes do período de aula, o que gerou um desconforto entre todos os professores, coordenação e equipe gestora. O que predominava era punir os brigões e isso me incomodou muito, mas eu não estava conseguindo ajudar a amenizar o conflito. Na mesma semana em que tive o encontro do Curso de Justiça Restaurativa, e no Círculo eu falei sobre o que estava acontecendo naquela semana na escola, as facilitadoras se colocaram à disposição para me auxiliar, caso eu decidisse realizar um pré-círculo com os professores para tratar da discussão. Nós agendamos a data e a Renata veio até à escola, apresentou a Justiça Restaurativa ao grupo, e realizamos o pré-círculo com a equipe de professores. Após esse encontro e a socialização sobre o assunto, o clima na escola se acalmou, os professores tornaram-se mais respeitosos entre si e passaram a trabalhar mais tranquilos. O Projeto da Justiça Restaurativa do IPAM é muito rico e importante para a convivência e precisa ser expandido”, defende. E ela acrescenta que, atualmente, “sou uma outra pessoa, tenho outra visão de mundo, acredito na força da Justiça Restaurativa e sou grata às facilitadoras e a todo o grupo do curso de Heliópolis”, diz.

Início do projeto

A primeira formação surgiu dentro de um projeto que já existia na região da Comunidade de Heliópolis desde 2005, e durante muitos anos foi um dos primeiros no Brasil a ter uma iniciativa de Justiça Restaurativa. O curso finalizado essa semana foi um projeto-piloto que era para ter acontecido presencialmente em 2020. Mas, com a pandemia, foi realizado em parte online e, dos 100 inscritos, apenas 61 concluíram o curso introdutório.

Em 2021, teve início a Capacitação de Formadores em Processo Circular, que foi realizada em duas turmas e em seis encontros, só que em períodos diferentes (turma 1: setembro e outubro e turma 2: novembro e dezembro) e as aulas eram realizadas das 8h30 às 17h30.

O curso é fechado e teve a participação de funcionários de órgãos do Poder Judiciário, servidores de escolas estaduais, agentes da assistência social e da rede de saúde e colaboradores de ONGs, que foram inscritos no projeto criado por meio de parceria firmada entre o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP), através do Grupo Gestor da Justiça Restaurativa na Coordenadoria da Infância e da Juventude, o próprio IPAM, a Escola Paulista da Magistratura (EPM), a Associação Paulista de Magistrados (Apamagis) e a Diretoria de Ensino Região Centro-Sul da Secretaria Estadual de Educação.

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