Eu Tenho Voz é tema da 16ª Mostra de Artes Cênicas em Jacareí

Nesta quarta-feira (21), durante a 16ª Mostra de Artes Cênicas, promovida pela Fundação Cultural de Jacarehy, foram apresentadas as videonarrativas “Marcas da Infância: Vozes na Nuvem”, criadas pela Narrar Histórias Teatralizadas e que integram as ações do projeto Eu Tenho Voz, realizado pelo Instituto Paulista de Magistrados (IPAM), cujo objetivo é prevenir e combater o abuso sexual de crianças e adolescentes.

O projeto já alcançou 30 mil aprendizes das escolas públicas de São Paulo, ganhou em fevereiro desse ano a versão Eu Tenho Voz na Rede e conta com um Curso de Capacitação Básica no Combate e Prevenção ao Abuso Sexual Infantil para professores de escolas públicas.

A primeira narrativa apresentada no evento on-line no Canal YouTube foi “A Fada e a Sombra”, para crianças a partir dos 4 anos de idade, representada pela atriz Vânia Lima. A segunda narrativa, “A Menina invisível”, para crianças a partir dos 7 anos foi representada pela atriz Daniela Cavagis. “Turbulência”, com o ator Fabrício Zava, foi a terceira narrativa  apresentada para crianças a partir dos 7 anos e direcionada a meninos. A última narrativa apresentada foi “História de Marias”, com a atriz Patrícia Torres e para adolescentes a partir dos 10 anos.

Após a apresentação foi aberta uma sala no Zoom para esclarecer as dúvidas dos participantes em relação às apresentações.

Giuliana Galezi, estudante de Pedagogia e teatro no Conservatório de Tatuí, disse que “é muito importante o abuso sexual infantil ser colocado para os profissionais de educação porque as vezes não é um tema fácil para ser abordado com os alunos. Eu já escutei uma história de abuso e o trabalho de vocês é muito importante, eu chorei na época”, contou.

Adriana Beck, estudante de Psicologia de São José dos Campos, perguntou como fica o aluno ao fazer o encaminhamento da denúncia. “Denunciar é muito importante, mas como fazer a abordagem? Porque a criança pode sofrer represálias da família e do abusador e aí como a criança fica?”.

“As narrativas não são abertas para todo mundo. As crianças não podem assistir as histórias sozinhas em casa, ao lado dos seus violentadores. Elas acontecem sempre nas escolas, com a mediação de um adulto, de um educador, com amparo de um assistente social, um psicólogo e um juiz”, esclareceu Patrícia Torres.

A atriz disse ainda que “o projeto não funciona sem uma rede de proteção. Aconselhamos as escolas a formar uma rede de proteção, com direção, professores, profissionais que trabalham na escola e os que trabalham no entorno, como o pipoqueiro, o sorveteiro. As denúncias  devem ser encaminhadas para os conselhos tutelares, vara da infância e juventude, o disque 100, ou por meio do site do projeto: www.eutenhovoz.com.br. É possível encaminhar as denúncias de forma anônima, com o endereço e o nome da criança que sofre o abuso, para que o caso seja encaminhado”.

Patrícia Torres, que também é professora na rede pública, acrescentou: “temos o conceito de que a criança é propriedade da família, e não é verdade. Toda a sociedade é responsável pelas nossas crianças”.

E lembrou ainda do curso de capacitação para os professores. “Quando o projeto começou, em 2016, percebemos as dificuldades do chão da escola, muitos professores não estavam preparados para lidar com o tema. Em 2017 percebemos que era preciso uma formação e em 2018 o curso começou a ser realizado presencialmente. Mas as escolas para receberem o projeto têm de fazer o curso e aí a peça. Só que durante a pandemia criamos o projeto na rede e iniciamos virtualmente o curso e as apresentações das narrativas”, concluiu Patrícia.

O Projeto Eu Tenho Voz na Rede promoverá para os professores, diretores e outros profissionais do corpo docente das escolas que receberão o projeto, em agosto, o Curso de Capacitação Básica no Combate e Prevenção ao Abuso Sexual Infantil. Esses profissionais serão designados pelas Secretarias de Educação e terão acesso ao curso na plataforma mediante inscrição prévia.

O curso contém 10 horas/aula, abordando temas como métodos consensuais de soluções de conflitos, mediação escolar, justiça restaurativa, prevenção e combate à violência doméstica, e no final haverá um fórum de debates com profissionais especializados e magistrados. E será certificado pelo IPAM.

Todas as informações sobre o projeto podem ser acessadas no hotsite do projeto. Aqui.

 

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