A 2ª vice-presidente do Instituto Paulista de Magistrados (IPAM) e juíza substituta em 2º grau do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), Hertha Helena de Oliveira, participou de live com o tema “Violência Intrafamiliar – Violência doméstica contra a mulher, a criança e o adolescente”, com mediação do juiz e vice-diretor do Centro de Pesquisas Judiciais da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Marcelo Piragibe.
O encontro contou também com a participação da juíza Herminia Maria Silveira Azoury, subsecretária de combate à violência doméstica da Associação dos Magistrados Brasileiros e coordenadora estadual de enfrentamento a violência doméstica do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) e do desembargador Caetano Levi Lopes, diretor presidente da Escola Nacional da Magistratura (ENM), que abriu o evento.
A juíza Hertha Helena de Oliveira falou sobre a importância do Projeto Eu Tenho Voz, do qual é idealizadora e coordenadora, e que é um importante instrumento de combate ao abuso sexual contra crianças e adolescentes. “A violência contra criança e adolescente, justamente na modalidade do abuso sexual, é uma das questões mais tormentosas para os juízes, que vivem topando com a questão, seja na área criminal, na da família ou na da infância e juventude. E essa questão é muito triste para nós, porque quando ela chega ao conhecimento do Judiciário, já está se desenvolvendo e perdurando por muito tempo, envolvendo a criança ou o adolescente que é vítima dessa violência”, afirmou.
Segundo a juíza, “o problema poderia ser evitado se esse jovem tivesse o conhecimento para conseguir identificar o abuso ou tivesse uma pessoa de sua confiança para interromper esse círculo de violência”. Ela também faz um alerta: “O adulto que hoje é o agressor, seguramente sofreu violência na infância. Eu posso dizer, por vivência, que 70% dos homens que agridem hoje sua mulher, em seu lar, em sua relação familiar, ou foram vítimas de algum tipo de violência na infância ou presenciaram a violência e são, portanto, vítimas da violência”.
No entanto a juíza revelou que, “em 50% dos casos de violência física e negligência contra a criança e o adolescente, é a mãe quem pratica o ato e, quando se fala de violência sexual contra a menina, em 90% dos casos é praticada por homens, que podem ser o pai, o padrasto, o avô, e em quem ela deposita confiança. E é por isso que é tão difícil que ela venha a denunciar o que está acontecendo. As ações de combate ao abuso sexual precisam da criação de políticas públicas e interferência direta nos casos, porque as mulheres não denunciam por sentirem-se culpadas”, concluiu.
Assista a live completa acessando aqui.