Capacitação em Justiça Restaurativa leva a cultura de paz aos docentes

Nesta segunda-feira (8) foi realizada a aula inaugural do Curso de Introdução à Justiça Restaurativa, uma parceria do Instituto Paulista de Magistrados (IPAM) com o Grupo Gestor da Justiça Restaurativa do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP), o Núcleo de Justiça Restaurativa da Comarca de Tatuí e da Secretaria Municipal de Educação (SME).

O juiz Marcelo Nalesso Salmaso, conselheiro do IPAM, membro do Grupo Gestor da Justiça Restaurativa do TJSP e coordenador do Núcleo de Justiça Restaurativa da Comarca de Tatuí, lembrou como a capacitação começou no município em que trabalha.  “A Justiça Restaurativa em Tatuí já tem uma história desde 2003, com a implementação do Núcleo de Justiça Restaurativa, que sempre buscou o diálogo entre a educação e as escolas. Nessa caminhada trabalhamos desde o início os conflitos, juntamente com a Vara da Infância e Juventude. Depois tivemos a pandemia e esse período foi muito impactante para as violências emocionais e psíquicas dos alunos e seus familiares. Por essa razão o Núcleo se aproximou da Secretaria de Educação Municipal, e com a ajuda de sua responsável, Elisângela Cecílio, intensificamos o diálogo maior com as escolas. Nossa ideia agora é fazer uma expansão orgânica, oferecendo outros cursos para construir ambientes justos, tanto para alunos como para professores e gestores, para que todos se sintam pertencentes e corresponsáveis. Esse compartilhamento de responsabilidades torna tudo mais leve para a lógica de pertencimento, cuidado e cooperação que faz parte da Justiça Restaurativa”, enfatizou.

Após a introdução do juiz Marcelo Salmaso, a presidente do IPAM, juíza Ana Maria Brugin, também se manifestou: “Eu vejo a Justiça Restaurativa como uma opção de enfrentamento à violência, que hoje está posta na sociedade em todos os níveis. Eu acredito que a capacitação nessa prática é um casamento perfeito na educação e nas escolas. Aproveito para cumprimentar o município de Tatuí pelo pioneirismo. Desejo sucesso a esse curso e que ele seja o início de uma grande parceria, que se estenderá por muitos outros municípios. Como o juiz Marcelo Salmaso disse, a mensagem que a Justiça Restaurativa leva para a escola coloca cada um pertencendo ao mesmo espaço – alunos, professores, funcionários, gestores – e isso acaba por influenciar a própria família, porque a criança e o adolescente levam o que aprendem na escola para suas famílias e para a comunidade. É de uma importância enorme, e desejo que essa parceria se multiplique cada vez mais”, afirmou.

A secretária de Educação do Município de Tatuí, Elisângela Cecílio enumerou a importância e os objetivos da capacitação em Justiça Restaurativa: “Nós temos muitas dificuldades no dia a dia nas escolas, e não conseguimos resolver os problemas apenas com a Pedagogia, por isso temos de ter uma linha de trabalho com apoio. Na capacitação temos a participação de docentes da rede municipal e estadual, e esse curso, com toda a fortaleza que é a Justiça Restaurativa, tem nos ajudado nas adversidades de situações que são complexas, porque existem conflitos desde com alunos até com as famílias. Desde que começamos a participar dos Núcleos para a Paz, exercitamos empatia, comunicação mútua e não violenta, e é muito importante trabalhar a questão emocional do professor, para que ele tenha firmeza de chegar na sala de aula e enfrentar os desafios, porque nós sabemos o quão difícil é o aluno se levantar contra o outro em sala de aula e o professor conseguir lidar com isso. Os nossos objetivos são capacitar a comunidade educacional por meio de abordagens colaborativas, promovendo a resolução pacífica nos conflitos, por meio de diálogo, desenvolver empatia e respeito, fortalecer a comunidade escolar e cultivar habilidade de comunicação e negociação. E estimular o senso de responsabilidade no aluno, que vai além da punição, para gerar um clima mais positivo dentro da escola”, disse a educadora.

Em seguida, Kátia Cristina Jeronimo Leite de Oliveira, do Núcleo de Gestão da Justiça Restaurativa de Tatuí, contou como se deu a transformação a partir da capacitação oferecida. “Eu cheguei à Justiça Restaurativa por meio de um conflito de uma escola em que eu era coordenadora, e vivenciei o que aconteceu no ambiente circular. Os jovens que estiveram envolvidos na situação, que era drástica no início, não só foram ouvidos, como colocaram propostas de solução e tiveram um espaço de uma escuta segura. Essa capacitação vai mostrar aos professores técnicas de transformação, e como essa prática traz significado nos momentos de conflito, que são muitos. Até a prática pedagógica é transformada: é um resgate da nossa essência, que é o amor pelo ser humano”, enfatizou.

A coordenadora do curso, Renata Zarantonelli Barbosa, finalizou a aula inaugural apresentando as tutoras Carla Pontes Donnamaria, Sabrina Paroli e Sueli Aparecida Correa e Kátia Jerônimo, que serão responsáveis pelos 100 alunos inscritos, divididos em três grupos, e explicou detalhes da capacitação. “Nós teremos algumas modalidades de aulas ao vivo, em sala virtual, também aulas gravadas, participação de fóruns, além de atividades reflexivas. As tutoras ficarão disponíveis para esclarecer dúvidas por meio do chat. O curso é EAD, com duração de duas horas cada aula, e utilizará metodologias ativas, o que trará vantagens porque os professores que não conseguirem se conectar poderão assistir as aulas gravadas depois. É importante que o participante não falte, acompanhe todas as atividades e leituras e as práticas em grupo dos círculos de construção de paz”, disse a coordenadora.

Para esclarecer dúvidas, e obter mais informações sobre o curso, envie um e-mail para  cursos@ipam.com.br.

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