Eu Tenho Voz na Rede é apresentado no CNRVV do Instituto Sedes Sapientiae

Nesta quinta-feira (17) o Centro Nacional de Referência às Vítimas de Violência (CNRVV) do Instituto Sedes Sapientiae promoveu um Fórum de Debates sobre o enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes, com a apresentação do Projeto Eu Tenho Voz na Rede.

“Orientar professores e aprender sempre mais sobre como lidar com a questão da violência e do abuso sexual contra crianças e adolescentes é de fundamental importância em tempos como o que estamos vivendo de confinamento”, disse a coordenadora do Sapientiae, psicóloga Dalka Chaves de Almeida Ferrari.

A idealizadora e coordenadora do projeto Eu Tenho Voz, juíza Hertha Helena Rollemberg Padilha de Oliveira, que é também 2ª vice-presidente do Instituto Paulista de Magistrados (IPAM), falou da importância da troca de experiências entre os educadores para que a educação preventiva chegue até os jovens com maior efetividade. “O tema abuso sexual sempre chega ou em processos criminais, ou nas varas de família, e da infância e da juventude, e traz uma preocupação muito grande para o Judiciário, porque quando a denúncia acontece a criança já sofre o abuso sexual há muito tempo e esse sofrimento não termina tão facilmente, porque o agressor muitas vezes não é afastado da vítima”.

Diante do aumento da violência durante a pandemia, a juíza Hertha Helena de Oliveira explicou que o IPAM lançou esse ano o Projeto Eu Tenho Voz na Rede, com o objetivo de prevenir e combater o abuso sexual de crianças e adolescentes por meio de informação e sensibilização de forma on-line e com maior abrangência de escolas.

“Com a pandemia os números de violência e abuso sexual que chegaram ao disque 100 não foram totalmente divulgados e contabilizados e só tendem a aumentar porque a criança e o adolescente ficam reclusos em casa com seus abusadores. Por essa razão esse trabalho de prevenção e sensibilização dos jovens precisa continuar e ser cada vez mais intensificado, já que as estatísticas não param de subir”, afirma a magistrada.

O projeto original foi lançado em 2016, totalmente presencial, e também capacita os educadores das escolas do Ensino Fundamental I e II e dos centros comunitários da Capital e de cidades do Interior do Estado de São Paulo para lidar com o tema e saber a melhor forma de encaminhar as denúncias de abuso sexual. Os estudantes têm contato com o tema no seu principal reduto de confiança e segurança depois dos próprios lares, que são as escolas, por meio da apresentação da peça “Marcas da Infância”, criada pela Cia NarrAr Histórias Teatralizadas. “O projeto procura mostrar que a voz da vítima é sua maior defesa contra o abuso sexual, e que há uma rede de proteção na escola que sempre vai ouvi-li e que ela pode confiar”.

A nova versão da peça “Marcas da Infância” mostra, por meio de narrativas em vídeo (a série Vozes nas Nuvens), como as vítimas de abuso sexual podem utilizar o poder de sua voz para pedir ajuda. São quatro vídeos que representam casos de crianças, tanto do sexo feminino quanto do masculino, de diferentes faixas etárias. Em cinco anos de existência do projeto e através de suas intervenções, houveram varias denúncias,  e essas vítimas deixaram de sofrer abusos sexuais. “Como as aulas presenciais ainda não voltaram totalmente em muitos municípios, precisamos iniciar para ter como medir o resultado das denúncias após a intervenção on-line. Só realizamos um Fórum de Debates com os educadores de Piracicaba no início de junho, e já tivemos 3 denúncias em 20 dias. É preciso deixar claro que o foco do projeto não é a punição do abusador, mas a proteção da criança”, finalizou

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